Fundada em 1941, a Atlântida Empresa Cinematográfica do Brasil S.A. deixou um importante legado para o cinema brasileiro. Produziu curtas-metragens e cinejornais, mas foram os seus longas-metragens que consolidaram os traços mais marcantes da companhia. Seja pela temática social, ou pelas memoráveis chanchadas, a produção cinematográfica da Atlântida traduz aspectos formadores da cultura popular brasileira.
"A chanchada resolveu, a meu ver, o problema do público [...] conseguiu conquistar um público, o público popular. E a chanchada resolveu [...] o problema do diálogo cinematográfico, colocando-o num caminho de linguagem popular."
Alex Viany, cineasta e crítico. In: Vitória do Cinema Novo, 1965.
Fundada em 1941, pelos irmãos José Carlos Burle e Paulo Burle juntamente com Moacyr Fenelon, Arnaldo Farias e Alinor Azevedo, a Atlântida Empresa Cinematográfica do Brasil S.A. deixou um importante legado para o cinema brasileiro. Nos dois primeiros anos de atividade, produziu curtas-metragens e deu início à duradoura série de cinejornais Atualidades Atlântida. Entre os primeiros longas-metragens estão Moleque Tião (1943), É proibido sonhar (1943) e Gente honesta (1944), filmes lembrados por sua temática social; e Este mundo é um pandeiro (1947), obra que marcou o gênero da comédia musical brasileira de baixo custo, conhecido como chanchada.
Foram as chanchadas, aliás, que consolidaram a imagem da Atlântida, com obras memoráveis de vários diretores, do independente Watson Macedo ao efetivo Carlos Manga. Após 1947, a companhia passa a compor o rol de empresas do Grupo Severiano Ribeiro, presidido por Luiz Severiano Ribeiro Jr. Uma mudança de rumo que viabilizou a produção, distribuição e exibição ininterruptas dos filmes da Atlântida nas décadas de 1940 e 1950, e começo dos anos 1960.
Obras como ...E o mundo se diverte (1948), Amei um bicheiro (1952), Nem Sansão nem Dalila (1955), Vamos com calma (1955), Garotas e samba (1957), O homem do Sputnik (1959), definiram o sucesso da companhia. E o seu star system com Oscarito, Grande Otelo, Fada Santoro, Eliana Macedo, Anselmo Duarte, Zé Trindade, Cyll Farney, Ankito, Norma Bengell, Sônia Mamede, José Lewgoy, Ilka Soares, Zezé Macedo, entre tantos talentos, personificaram os traços marcantes da Atlântida na memória popular brasileira, mesmo depois de 1962, quando a companhia já não produzia mais chanchadas.
Em 2009, o acervo da Atlântida foi transferido para a Cinemateca Brasileira pelo Ministério da Cultura, como parte de uma política de aquisição e preservação de conjuntos documentais significativos para a história do cinema brasileiro.
Desde a chegada do acervo, as equipes técnicas dos setores de Documentação, Preservação e Laboratório empreenderam ações de conservação, catalogação e digitalização dos conteúdos, que paulatinamente são disponibilizados no Banco de Conteúdos Culturais. Para as próximas atualizações da coleção, está prevista a publicação de novos conteúdos processados nos últimos anos, como por exemplo, documentos textuais que integram o Fundo Atlântida, e também materiais audiovisuais referentes à vastíssima produção de cinejornais do Grupo Severiano Ribeiro.